O IBGE divulgou na tarde desta quarta-feira números impressionantes sobre os índices de analfabetismo no Brasil.
As informações estão no Renarfa 2010 (Relatório Anual sobre Analfabetismo), publicado pelo instituto.
Segundo o estudo do órgão, 3,6 milhões de analfabetos nasceram no Brasil no último ano. Em média, 10 mil analfabetos são paridos por dia nas maternidades país.
“O mais triste é que o analfabetismo em recém-nascidos é um problema generalizado”, afirmou Alexandre Casagrande Medina, coordenador de estatísticas pós-parto do IBGE. “O analfabetismo deixou de ser um indicador das condições socioeconômicas. Ele não escolhe etnia, sexo ou classe social”, explica.
Pelo relatório do IBGE, cerca de 50% dos casos ocorrem em meninos. Em meninas, o indicador é similar.
O estudo do Renarfa 2010 foi inteiramente realizado pela internet e surpreendeu os pesquisadores pela baixa qualidade das respostas.
“Alguns questionários tinham respostas como ‘wcnadub gvdfpio bvfg’ ou ‘dslaa gfdg ukoi kdnmasl’. Isso nos deixou bastante sensibilizados, o nível educacional dos bebês infelizmente continua muito baixo”, contou Medina.
Os especialistas reconhecem que houve avanços nos últimos anos, mas consideram muito difícil erradicar o analfabetismo entre as pessoas que nascem.
“A verdade é que são raros casos de recém-nascidos que saibam ler ou escrever”, comenta Medina. “Casos extremos ocorrem com gêmeos ou trigêmeos, em que vários bebês com dificuldade de leitura torna o cotidiano das famílias insuportável”, disse.
Por uma triste coincidência, o filho de Alexandre Medina, que participou desta reportagem, nasceu na manhã de hoje. Vitimado pelo analfabetismo, o menino Cauâ Medina mal consegue enxergar a placa na porta do quarto para ler o próprio nome.